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Luciana Rapini

Karma: até que ponto se é obrigado e até que ponto se é livre?


Um dos conceitos mais erroneamente concebidos pelas pessoas é o do karma. Para muitos, o karma é algo negativo, bem próximo de punição, aprisionamento e sofrimento. Mas na verdade não é bem assim. O Karma nada mais é do que uma Lei Natural que rege o princípio de Causa e Efeito presente na Criação, ou seja: o da colheita da semeadura. E como Lei Natural ela é eterna, imutável, inviolável e inquebrantável. Assim posto, logicamente não nos é possível interferir ou modificar seus princípios constitutivos, mas nos é perfeitamente possível e até desejável que aprendamos a nos colocar a seu favor, fazendo-a ‘trabalhar’ para aquilo que desejamos colher.


Simples assim. Isso se denomina ‘transmutar’ o karma. Caso concebamos as ações que realizamos como vetores que possuem ponto de partida, direção e ponto de chegada (este perfeitamente alinhado ao de partida), é isto o que a Lei do karma estabelece: relação causal exata e imutável entre uma determinada ação com sua consequência e já não será difícil entender que a qualquer momento podemos empreender uma segunda ação que possui uma direção diferente da primeira que trará como resultado a soma das duas forças de direções diferentes culminadas numa terceira direção, intermediária das duas e que obviamente terá um ponto de chegada próprio.


Bem entendida esta questão, de que tudo o que a Lei rege é a amarração do efeito à causa, nada mais lógico do que começar a inserir novas ações, ou seja, novas causações, visando colher seus efeitos futuros. O karma então nada mais é do que o resultado, positivo ou negativo, de uma ação passada que está vigente no presente, ou de uma ação presente que terá colheita no futuro.


Mas não são apenas as ações que são geradoras de karma. Pensamentos e desejos, ainda que existentes no plano do abstrato, também se direcionam e culminam em algo e por isso são poderosas forças construtivas e formadoras de karma. Por exemplo: desejos reiterados por algo inapropriado favorece seu escape sob forma de ação; pensamentos reiterados fortalecem as inclinações boas ou más do caráter assim como têm o poder de direcionar a vontade que por sua vez cria oportunidades que culmina em ações cujos resultados são almejados.


Vamos hipoteticamente tirar uma fotografia que retrata o contexto da vida de uma pessoa em determinado momento. Nela poderemos verificar onde vive e quais são suas condições materiais, financeiras, familiares, profissionais e emocionais além das dificuldades e limitações, por menores e maiores que sejam. Desta forma, fica fácil enxergar que a cada minuto de sua vida ele está vivendo karmas gerados por ele mesmo e está gerando novos karmas e que tudo o que o incomoda e limita, sendo resultado karmico, pode ser transmutado de modo a lhe favorecer a vida. Mas para tal faz-se indispensável que ele assuma a responsabilidade por si mesmo. Não custa dizer que neste ponto nem todos estarão dispostos a serem livres e assumirem a responsabilidade pelas consequências de suas ações, seja devido ao medo ou porque dá muito trabalho.


Abro um parêntese para mencionar que nem todo resultado karmico colhido nesta vida pode ser modificado como por exemplo, um defeito físico de nascença - o que nem por isso impede o indivíduo de usufruir dos princípios que regem a Lei podendo ele de forma ativa contribuir para si mesmo e com os demais o que culminará em um resultado karmico favorável para si tanto nesta vida (em aspectos emocionais e de bem viver) quanto na futura.


Através do conhecimento da Lei de Causa e Efeito é possível adquirir segurança libertando-se do temor que paralisa e que aprisiona no sofrimento ao se entender como errada a crença de que “não posso interferir em meu karma, senão serei punido”; quando, na verdade, é bem o contrário: “eu posso e devo interferir em meu karma sempre que os resultados atuais sejam indesejáveis, pois possuo certa liberdade de atuação e confio nos princípios desta mesma Lei”.


A imutabilidade do karma não é de seus efeitos, mas da Lei – e isso nos torna livres!


Agora já podemos nos deter na pergunta que encabeça este texto: Posso “quebrar” uma colheita karmica a qualquer momento? Até que ponto posso modificar no presente o resultado do meu passado, ou seja, até que ponto sou obrigado e até que ponto sou livre?

Concebamos um chefe de família ainda com filhos pequenos e com o forte desejo de ascensão espiritual individual. Sua realidade familiar ainda exige dele, e exigirá ainda por muitos anos, um comprometimento e dedicação material e emocional ao qual ele não deverá se esquivar, sob pena de contrair para outras vidas sérias consequências karmicas devido à omissão ou abandono. Em outras palavras, ele ainda é obrigado a viver e se responsabilizar pelo resultado kármico que está colhendo de ações passadas. Mas, dentro deste contexto e responsabilização, ele também é livre para criar oportunidades, dentro de suas possibilidades de tempo, de se dedicar aos conteúdos que elevam seu espírito. E quando a vida familiar deixar de lhe exigir e seus compromissos anteriores tiverem sido naturalmente dissolvidos, ele encontrar-se-á em condições espirituais favoráveis e com o tempo almejado para se dedicar ao seu verdadeiro desejo.


Respondendo à pergunta, diante de resultados karmicos atuais somos ao mesmo tempo obrigados e livres. Somos obrigados e devemos trabalhar no meio, no ambiente e com as circunstâncias que tivermos criado e que não podemos mudar, mas dentro delas somos livresnos pensamentos e desejos para trabalhar sobre os mesmos e ir criando oportunidades visando gerar um novo e melhor karma. É necessário prudência para não se “lançar para longe” aquilo ao qual ainda se é obrigado. Em tais condições, deve-se procurar transformar o karma em missão. E como se faz isso? Ao invés de se deixar ser controlado pelo karma, ou seja, relegando-se a um papel passivo, de vitimização e queixa, trocá-lo pelo positivo, no qual se procura adaptar-se, aprender com a situação, conquistar melhores condições internas para fazer dele um auxiliar da própria evolução.


Termino este artigo mencionando que a Terapia Lumni propicia ao paciente a finalização de karmas gerados nesta e em vidas passadas a partir da tomada de consciência de si e da ruptura com o padrão de comportamento equivocado e muitas vezes cíclico e repetitivo que causa dor. A mudança no pensar e agir o permite reposicionar-se moralmente diante de si mesmo, dos demais e da vida, libertando-se de sentimentos inferiores e trocando-os pelos de amor, compreensão, respeito e perdão, tudo dentro de uma abordagem evolutiva pessoal. Está-se assim livre e o karma finalizado.




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